Super Bowl de Cinéfilo 2022: O que (e quem) está em jogo
As tais forças que movem o Oscar enquanto prêmio nesses últimos 23 dias de corrida
“Mas é o Oscar, quem liga?”
É inevitável, todo ano eu tenho que lidar com pelo menos uma pessoa fazendo essa pergunta. Se é para ser justo, a questão tem méritos e não são poucos, ainda mais em um momento em que a dita “temporada de premiações” faz cada vez menos sentido enquanto sinônimo de “reflexo da indústria” pela pulverização da oferta e da produção, com premiações caindo no rápido esquecimento por serem incapazes de contemplar minimamente o escopo das áreas que buscam laurear. O Globo de Ouro seria o cão a ser chutado nessa hora, mas convenhamos: alguém liga pro Grammy hoje? E o Emmy, que se converteu numa espécie de prêmio de audiência bizarro depois de anos de elitismo burocratizado?
O Oscar, por outro lado, seguiu mais ou menos firme durante esses últimos anos, o que é um feito e tanto dado que é de longe o prêmio que mais passou por apuros nessa última década. Reclamou-se da “provincialidade” dos votantes, do #OscarsSoWhite, da influência nefasta do esquema de campanha fundado pelos Weinstein nos votos, dos erros escalafobéticos das apresentações, mas de alguma forma o careca dourado conseguiu manter uma relevância aos olhos do público que o distingue de compatriotas internacionais como o BAFTA, o César e até mesmo o seu, o meu e o nosso GP do Cinema Brasileiro. É um fato, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas organiza um prêmio da indústria e para a indústria, mas seus movimentos ainda são fascinantes o suficientes para manter as pessoas interessadas - e todo ano estas correm ao cinema ou ao serviços de streaming para assistir o máximo de indicados que conseguirem. A vitrine teima em existir.
Escrevo tudo isso porque essa percepção é fundamental para entender o Oscar enquanto um tabuleiro de influências. Apesar dos anos seguidos de quedas grotescas de audiência - distantes do entusiasmo daquele ano do Titanic, pra ficar num exemplo - ele continua a ser a premiação que acumula a maior audiência na televisão, seja nos EUA ou no mundo, e isso naturalmente se converte em dinheiro a alguém. Como dinheiro é poder (pra ficar no ditado batido), todo e qualquer passo dado interessa a terceiros, o que nesse caso envolve principalmente a Academia e a ABC, já há alguns anos a atual detentora dos direitos de transmissão, mas até quartos e quintos como os sindicatos e quem transmite as outras cerimônias que formam o “mapa” do prêmio - SAG, Critic’s Choice, Globo de Ouro, CBS, por aí vai.
E se há um mercado, bom, há movimentações. O divertido no caso do Oscar é que existem duas ramificações distintas, entre a premiação e a cerimônia, que se interligam frequentemente por influenciarem diretamente uma no caminho da outra, e este ano ambas parecem viver crises silenciosas que se manifestam por meio de ações mínimas. Para os organizadores é um alívio, em especial por conta de tantas tretas públicas ao longo dessas últimas edições, mas para o espectador atento é o que torna os rumos desse ano tão… peculiares.
Mas vamos por partes. Hoje, quero tratar do Oscar enquanto prêmio, até porque a posição de agora é mais vantajosa para avaliar os dominós antes de caírem. Mais para frente - talvez antes, talvez depois do evento - tratamos da cerimônia em si.
Oscar 2022: o prêmio
Não passou batido no anúncio da lista, mas vale sempre ressaltar: pela primeira vez em um bom tempo, os indicados ao Oscar não geraram comoção por aquilo que os votantes deixaram de inserir. Sempre falta alguém nas categorias e é óbvio que teve quem reclamou (A Crônica Francesa, O Cavaleiro Verde e Titane, só pra ficar em alguns exemplos), mas era visível no mês passado que o sentimento geral nas redes sociais foi mais de felicidade que de descontentamento com a Academia. Muito disso se deve à presença de nomes que até então soavam como cartas fora do baralho, como Drive My Car na categoria principal, The Worst Person in the World em roteiro e Mães Paralelas em atriz.
O interessante é que já desde antes e nos dias seguintes as reclamações mais fortes vieram… da indústria. O debate que se montou - e rapidamente se entranhou nas redes por consequência - a partir da lista no noticiário de Hollywood, nos veículos de trading como a Variety, o Hollywood Reporter, o Deadline e todos aqueles sites “dedicados” à corrida, foi da ausência dos títulos ditos mais “populares” das categorias principais, com muito “especialista” reclamando das “esnobadas” em mastodontes de bilheteria como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (indicado a efeitos visuais) e 007: Sem Tempo Para Morrer (lembrado em categorias de canção original, som e efeitos visuais). O alvo maior, claro, foi Drive My Car, visto como “gesto elitista” da Academia na priorização dos nomes.
Pegue os últimos dois parágrafos e os compare: o resumo da batalha “moral” do Oscar se revela aí. É de novo uma queda de braço entre o tal “tradicionalismo” da Academia e a “nova” Academia que acontece de forma um pouco tardia, dado que é consequência direta da vitória de Parasita sobre 1917 há dois anos - em 2021 seria pedir demais um debate do tipo num momento de tamanha fragilidade da indústria dentro do auge da pandemia, afinal. Apesar das expansões e mudanças na votação, a grande mudança do Oscar nessa última década deriva justamente da ampliação drástica de membros da Academia a partir de meados da presidência de Cheryl Boone Isaacs, quando a organização justamente mirou uma instância global para melhor se adequar aos tempos, e que foi seguida pelos sucessores John Bailey e o atual David Rubin.
Seria óbvio que uma expansão dessas geraria atritos, mas retardou-se esse efeito porque a evolução deste processo se confundiu com outras questões. Isso inclui tanto as polêmicas da falta de diversidade e do fim da Weinstein Company às idas e vindas da própria indústria norte-americana entre o streaming e a produção independente, do surgimento de novas companhias poderosas e mercados que ameaçavam uma ordem natural das coisas. Essas últimas se veem representadas em algum nível nas corridas parelhas que o prêmio principal teve nos últimos anos, como o minúsculo Moonlight vencendo La La Land em 2017; A Forma da Água superando um verdadeiro leque de indicados em 2018; e obviamente a desastrosa escolha de Green Book sobre Roma em 2019 somente para evitar a consagração da Netflix.
Que um filme distribuído pela Netflix agora seja o grande favorito ao Oscar de Melhor Filme, apenas um ano depois da Academia premiar enfim a Disney através da recém-rebatizada Searchlight Pictures, diz muito sobre como a régua tem mudado a níveis drásticos nas entranhas da premiação. É evidente que a discussão sobre contemplar ou não o maior nome do streaming hoje ainda existe, claro, mas o principal entrave da Academia no momento é essa rixa entre os olhares de fora e de dentro.
Essa tendência se percebe já entre os indicados, e ainda que Drive My Car seja um indicativo maior - por ser um filme japonês de um diretor que não seja veterano, Ryusuke Hamaguchi - o melhor exemplo está na categoria de Melhor Atriz com… Kristen Stewart. Que a artista, única americana a vencer um César de atuação, tenha conquistado um espaço na disputa no lugar da então favorita Lady Gaga, mesmo depois de ser esnobada pelo Globo de Ouro (sem força na campanha), o BAFTA (sem o tal “voto britânico”) e o SAG (sem o apoio da “classe”), diz muito sobre como a artista foi carregada por um novo braço de votantes que não pertencem aos sindicatos e o ecossistema hollywoodiano, mas ao eixo global que agora carrega um peso quase sobrenatural nas escolhas. É uma lógica que se aplica a outros indicados menores, como a de roteiro original para The Worst Person in the World, a de trilha sonora para Mães Paralelas (a primeira técnica de um filme de Pedro Almodóvar) e até a presença do indiano Writing With Fire em documentário - uma categoria aliás carregada de produções que saíram do eixo do streaming, vide Attica e o dinamarquês Flee.
Como isso se reflete na votação final é que é o grande mistério de agora, mas há pistas de que os caminhos estão mudando. Ninguém sabe até o momento como o prêmio do sindicato dos atores vai influenciar as categorias correspondentes do Oscar, considerando ainda que as escolhas do grupo foram as mais tradicionais possíveis (Will Smith e Jessica Chastain seguem o molde tradicional, Troy Kutsur carrega uma História no eixo da diversidade que já não acontece no Oscar); termômetro principal da categoria principal, o PGA Awards viu ser driblado há dois anos ao preterir 1917 em favor de Parasita. De certeza, talvez só mesmo o prêmio de Jane Campion em direção, uma compensação histórica que faz sentido a todas as partes.
Em Melhor Filme, enquanto isso, ainda se procura uma alternativa viável a Ataque dos Cães para se criar o mínimo de fricção na categoria principal. Belfast aparenta estar morto e enterrado depois do SAG, as movimentações em torno de No Ritmo do Coração são notáveis (a Variety até assinou uma carta de apoio escancarada pro filme da Apple), Amor, Sublime Amor espera ganhar a tração necessária com a chegada no streaming num horário oportuno e há quem argumente que o próprio Drive My Car seria um passo na direção desta Academia mais internacional e menos hollywoodiana. Duna e Não Olhe Para Cima, para o desespero dos tradicionalistas e defensores do “prêmio enquanto reconhecimento de bilheteria”, já estão esgotados e confinados às técnicas - as quais curiosamente estão sendo enterradas no curso da própria cerimônia.
Tudo depende de como esse cabo de guerra específico será puxado através dos votos, mas não custa repetir: pela primeira vez em um tempo, parece que a decisão da Academia está em como perceber essa conciliação de partes ao invés de reconhecer ou não o avanço dos tempos da indústria.
Rapidinhas
Ainda sobre Oscar, a distribuição brasileira segue vivendo duas novelas inexplicáveis nessa temporada de premiações: The Worst Person in the World e Os Olhos de Tammy Faye. O último está num puxa e repuxa um tanto esquisito, com a Disney tendo cancelado há tempos a estreia nos cinemas mas sem saber quando lançar o filme no Star+ depois da indicação da Jessica Chastain - ele está confirmado há quase um mês, mas não foi listado nas estreias de março como O Beco do Pesadelo. Já o primeiro é um furacão de rumores; ouvi histórias de que o filme do Joachim Trier passou pelas mãos de duas distribuidoras diferentes, mas ambas optaram por deixar pra lá ou lançar mais pra frente. Situação bizarra, ainda mais com o filme ganhando admiradores por onde passa (seja no legal ou ilegal);
Além disso, triste fim de Ascension, Attica, Writing with Fire e Flee no circuito daqui. Péssimo ano pra quem curte assistir os documentários indicados;
Enquanto a invasão da Ucrânia segue uma tristeza absoluta e os estúdios de Hollywood - e festivais de cinema, quem diria - paralisam seus lançamentos na Rússia pelo que vou entender como um grande “melhor evitar que se meter em polêmica de bobeira” (e a princípio acho que quem se beneficia mais dessa manobra é o Putin mesmo, infelizmente), a pessoa mais racional nesse cenário desastrado é Sergei Loznitsa: “O que acontece diante de nossos olhos é horrível, mas estou pedindo a vocês que não sucumbam à loucura. Nós não podemos julgar as pessoas baseado em seus passaportes. Nós podemos julgá-las em seus atos.”;
Talvez o melhor desdobramento daquele evento para acionistas da Paramount de duas semanas atrás, onde o estúdio basicamente repetiu a estratégia (clássica desses encontros, aliás) de anunciar tudo que planeja pros próximos anos pra manter geral interessado: o tal quarto filme de Star Trek da linha do tempo Kelvin - já no quarto ou quinto diretor - foi uma surpresa tão grande que nem o elenco sabia que ia voltar.
Passou um pouco batido porque questões maiores se anunciaram, mas foi interessante a Netflix confirmar que não vai pro festival de Cannes esse ano menos de 24 horas depois de fechar um acordo de US$ 45 milhões ao ano em filmes franceses e europeus para viabilizar um espaço no disputado circuito de cinemas da França. Quem se deu mal mesmo foi o Andrew Dominik e o Blonde, claro, mas dar um ano para reorganizar a agenda foi esperto da parte deles.
Ainda em coincidências curiosas, no mesmo dia a 20th Century Studios anuncia uma cinebiografia de Buster Keaton dirigida por James Mangold e a Searchlight Pictures confirma que vai produzir a estreia do Aziz Ansari na direção com o Bill Murray no elenco. Duas divisões diferentes, claro, mas tá aí um pacote de aprovações que parecem vindas do mesmo punho.
Passou batido demais: Hou Hsiao-hsien não com um, mas dois projetos em movimento? Sete anos depois de A Assassina? Incrível.
O elenco do prelúdio de Max Mad: Estrada da Fúria segue fascinante, ainda mais agora com Chris Hemsworth topando fazer o papel de vilão. Considerando o quão confortável ele anda protagonizando filmes de ação, trabalho de casting que já nasce promissor.
Tendências que demoraram a acontecer: nos EUA, a AMC começa a testar com Batman o modelo de preços dinâmicos para ingressos de
blockbusterslançamentos maiores. Importante se revoltar e é uma manobra ridícula, mas em uma era de salas VIP e IMAX cobrando o dobro… demorou pra acontecer, vai.
Calendário
Observação básica: queria poder tratar nesse espaço de outros serviços como a HBO Max e o Paramount+, mas a divulgação do fundo de catálogo me parece inexistente nos mesmos. Quando souber de algum calendário confiável, incluo por aqui.
Cinema
Sem grandes surpresas (ainda mais depois da rapa de Homem-Aranha no fim do ano passado) o mês deve ser dominado pelo novo Batman que estreia essa semana. Isso não significa que o mês vai ser miado em termos de estreias, mas fica a questão de como ficam as ocupações das salas até a estreia do próximo filme do tipo - ou seja, o Morbius de Jared Leto que em tese faz a troca de guarda a partir do dia 31.
De destaques, vale apontar os lançamentos de:
Pequena Mamãe, mais recente da Céline Sciamma que também chegou essa semana (contra todas as probabilidades);
Belfast (10), penúltimo indicado ao Oscar deste ano a chegar ao circuito;
O tal O Ritual - Presença Maligna (12), o terror novo do Christopher Smith que pelo visto tem alguma cota de público aqui;
Drive My Car (17), o “japonês do Oscar 2022” que por um acaso também é um dos melhores filmes do último ano;
Os Caras Malvados (17), que chega nessa promessa de representar um novo momento pra Dreamworks
Ambulância - Um Dia de Crime (24), filme novo do Michael Bay que chama a atenção por ser um remake hollywoodiano caríssimo de um filme dinamarquês de 2005 cujas regras eram literalmente a de um filme barato: uma locação, contada em tempo real durante 80 minutos com apenas quatro personagens. Difícil não se empolgar com algo assim, sendo honesto;
A Mulher de um Espião (24), que em tese enfim chega aos cinemas daqui depois de vencer o prêmio de direção no Festival de Veneza de 2020 (!) e sofrer com as idas e vindas da pandemia. Nem chega a ser o melhor do Kiyoshi Kurosawa, mas merece muito a visita de quem ainda não assistiu;
E Cyrano (31), o último musical do Oscar deste ano a estrear por aqui e o qual torço que ganhe algumas exibições na semana anterior pra ajudar os completistas da premiação.
Amazon Prime Video
A Amazon desde sempre me soa como esse grande combinado de filmes de várias procedências e sem lar por aqui, mas esse mês tá meio especial no departamento. Se você remover todas as séries das estreias previstas, este mês sobram produções que vão de desovados por terceiros a grandes hits recentes de bilheteria, como:
Meu Filho, lançado essa semana e que é o famigerado filme em que o James McAvoy improvisa seu protagonismo durante toda uma história de investigação de um filho desaparecido. Comentei no Twitter isso, mas tipo de obra que esperava ver chegar na locação digital daqui um ou dois meses;
Eiffel (11), a tal cinebiografia da torre Eiffel e de seu criador pela ótica do romance de época, com a Emma Mackey de Sex Education no elenco;
Turma da Mônica: Lições (11), que depois da boa bilheteria nos cinemas chega ao streaming pra ampliar ainda mais o público saudosista. Da lista a presença mais peculiar, convenhamos: se a Globoplay está produzindo uma série derivada dessa adaptação, o que levou a Paris e a Maurício de Sousa Produções vender os direitos da primeira janela de exibição dessa sequência para a Amazon?
Águas Profundas (18), o retorno do Adrian Lyne à direção que ficou marcado por gerar o romance rápido entre Ben Affleck e Ana de Armas - mas que também foi tão enrolado pra sair pela Disney que chega uns dois anos depois do término do namoro. De qualquer forma, tá aí um thriller erótico a ser visto;
Infiltrado (18), o raro exemplar de filme bom do Guy Ritchie que ganha uma primeira janela de exibição no streaming após alguns meses exclusivo da locação digital;
E Respect (25), a cinebiografia da Aretha Franklin que se perdeu do caminho do Oscar mesmo depois de arrancar uma indicação no SAG pra Jennifer Hudson.
Além disso, vale destacar o fluxo bom de classicões que seguem entrando no catálogo, o que este mês inclui coisas como O Bebê de Rosemary, o primeiro filme de Star Trek (tá aí algo que imaginava que seria exclusivo do Paramount+), A Firma e toda a franquia Rocky e Creed.
Disney+ / Star+
Mês recheado pros streamings da Disney em termos de lançamentos, ainda que nos clássicos dá pra ficar frustrado com o Star+ - fevereiro me deixou desacostumado, desculpa. Repassando rápido, temos:
Amor Sublime Amor, que chegou essa semana ao Disney+ depois de sofrer um atropelamento no circuito no fim do ano passado;
Fresh (4, Star+), suspense com Daisy Edgar-Jones e Sebastian Stan que rendeu alguns elogios no último Festival de Sundance e chegou a ser comprado pela Searchlight antes mesmo da premiere;
Red: Crescer é uma Fera (11, Disney+), o novo da Pixar que também marca a estreia de Domee Shi em longas-metragens após o belo curta Bao de 4 anos atrás;
O Beco do Pesadelo (16, Star+), novo do Guillermo del Toro e o outro indicado ao Oscar de Melhor Filme da companhia. Tá aí um que vive uma distribuição peculiar: ele chega ao streaming alinhado com o lançamento global, mas aqui no Brasil a data está distante por apenas 2 meses do debute nos cinemas.
No fundo de catálogo, as novidades se concentram em títulos que vivem circulando entre serviços como Regras Não Se Aplicam (4), Fogo Contra Fogo (11) e o segundo John Wick (25).
MUBI
Apesar da óbvia ausência de Drive My Car, a agenda da MUBI pro próximo mês é respeitável. De novidade mesmo são três lançamentos:
Lingui, The Sacred Bonds (8), outro filme da seleção oficial de Cannes do ano passado que enfim chega por aqui;
Love After Love (18), o longa-metragem mais recente da Ann Hui;
Azor (25), forte suspense político do suíço Andreas Fontana ambientado na ditadura argentina;
Já no departamento de filme velho tem pra todos os gostos: 4 filmes do Jean-Luc Godard, incluindo Carmen (4), Tempo de Guerra (10), Máfia em Paris (16) e Made in U.S.A. (28); 3 filmes de Pier Paolo Pasolini, incluindo Accattone (5), O Evangelho Segundo São Mateus (14) e Édipo Rei (29); O Dia da Transa (20) da finada Lynn Shelton; o John From (22) de João Nicolau; A Professora do Jardim da Infância (26) da Sara Colangelo; e o Ciúme (31) do Philippe Garrel.
Netflix
Muita gente de olho em Bridgerton este mês (e por motivos justos, dado o fenômeno que a série foi no fim de 2020), mas em termos de cinema a Netflix em março segue o ritmo de começo de ano, com estreias mais pontuais que grandes lançamentos. O ritmo de catálogo também está reduzido, com só o Pequena Grande Vida (30) de Alexander Payne à vista. Nas novidades temos:
O Projeto Adam (11), nova colaboração entre Ryan Reynolds e o diretor Shawn Levy que torço muito para ser um pouco melhor que o desastroso Free Guy;
E o tal Sorte de Quem? (18), que além do elenco capitaneado por Jason Segel, Lily Collins e Jesse Plemons é o novo filme do Charlie McDowell que marcou algumas várias pessoas com Complicações do Amor e A Descoberta.
O que ando fazendo
Escrevi críticas de Licorice Pizza, Mães Paralelas no Medium. Deve sair ainda uma sobre o Batman por lá, tive algumas problemas básicos que me impediram de parar pra trabalhar nesse texto antes do lançamento dessa edição;
Publiquei uma conversa que tive em dezembro com Valdimar Johánnsson e Noomi Rapace, diretor e estrela de Lamb;
Participei dos trabalhos do especial de 50 anos de O Poderoso Chefão no Omelete. Trabalho maneiro, aliás, é o tipo de material que não se costuma ver todo dia.
Na próxima edição…
Ao que tudo indica, vai rolar semana que vem escrever sobre quase todos os curtas indicados ao Oscar deste ano. Não esperem um clima de apostas, porém, é mais a minha vontade eterna de destacar aquela parcela de filmes que todo ano parecem confinados à transmissão e depois ao esquecimento.
Nos vemos sexta que vem.